quinta-feira, 25 de abril de 2013

# 130

"Ajuda às famílias em troca de boas notas" escolares das crianças.

O ministro da educação já tinha afirmado que devemos ensinar às crianças que "estudar vale a pena para poder ganhar mais dinheiro”. Esse princípio ainda colocava o rendimento do estudo das crianças como um horizonte subjectivo a longo prazo. Mas agora que os abonos de familia se foram há quem queira ir mais longe e fazer desse objectivo remoto da educação um mecanismo quotidiano de socialização infantil: uma associação de "utilidade pública" do Douro, apelidada de Bagos d'Ouro, fundada pelo padre Amadeu Castro, tem como princípio "ajudar" as famílias "desfavorecidas" em função do "rendimento" escolar das respectivas crianças. Num contexto de desemprego estrutural dos adultos, miúdos e miúdas de seis anos não só devem assumir-se como sujeitos concorrenciais como ficam também literalmente responsáveis por pôr o jantar na mesa. O idiota do padreco  fala por isso como um verdadeiro teólogo do mercado: "Dar, ajudar mas ter também sempre alguma coisa em troca. E esse algo em troca é que eles tenham uma boa carreira, um bom sucesso educacional, que na escola obtenham resultados. Porque cada vez mais nós vemos uma sociedade em que o descarregar (!) a consciência é dar (!)". Que é como quem diz: "não há jantares grátis".

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