quinta-feira, 28 de agosto de 2014

# 135

"É da maior importância que as crianças aprendam a trabalhar. O homem é o único animal que tem de trabalhar (...) O homem tem de estar de tal modo ocupado, que, com o propósito que tem em vista realizar dessa maneira, não se sinta a si mesmo e que o seu melhor repouso seja aquele que se segue ao trabalho. A criança tem de ser, pois, habituada a trabalhar. E onde a não ser na escola se deve cultivar a inclinação para o trabalho? A escola é uma cultura por coação". 

(Kant, Sobre a Pedagogia, Edições 70, p. 47).

# 134

«Quanto a Guilherme, do Catujal, e lavador de carros, a procurador quer vê-lo atrás das grades por ter resistido à detenção da PSP e ferido um agente, quando tentou soltar a namorada grávida do meios dos policiais (...) “O Estado português está a pagar a um funcionário, que está de baixa e de cuja actividade não pode desfrutar, porque o Guilherme o incapacitou para o trabalho”». (in Jornal de Notícias, 27/08/2014).

A argumentação insidiosa da procuradora é mais ao menos a seguinte: ao agredir o polícia, o Guilherme prejudicou não só um elemento da força de trabalho estatal como lesou o Estado no seu conjunto, mais especificamente o orçamento do Estado, que é como quem diz todos os cidadãos. Ergo: o Guilherme é um perigo para toda a sociedade.

# 133

"Um inquérito feito este ano pela Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) a uma amostra de 3619 trabalhadores revela que sete em cada dez representantes da geração milénio - nascidas entre 1982 e 1993 - dizem sentir um vazio ao ir de férias."
In Jornal i, 27 de Julho de 2014